Televisão britânica emite documentário que mostra suicídio assistido

«A última aula de Craig Ewert foi vista esta noite por todos os ingleses, na televisão.
O canal “Sky Real Lives” emitiu um documentário canadiano, chamado “Right to die?” que mostra o suicídio assistido de Craig Ewert na Suíça, em Setembro de 2006, meses depois de lhe ter sido diagnosticado uma doença degenerativa incurável.

“Para o Craig (...) permitir que as câmaras filmassem os seus últimos momentos em Zurique, foi a maneira de enfrentar o fim da sua vida de uma forma honesta”, escreveu Mary Ewert, viúva de Craig Ewert, num artigo do jornal “The Independent”. “Ele fez questão que o documentário fosse mostrado porque quando a morte fica escondida e é privada, as pessoas não enfrentam os medos que têm relativamente à morte”, acrescentou.

Craig Ewert, de 59 anos, era um ex-professor universitário norte-americano, radicado na Inglaterra. Durante a Primavera de 2006, foi-lhe diagnosticado uma doença degenerativa do sistema nervoso motor que rapidamente o ia tornar incapaz de realizar movimentos. Nesse Verão teve que ser ligado à uma máquina respiratória.

Apesar de a maioria das pessoas que sofrem deste tipo de doença morrerem de uma forma pacífica, Craig tinha medo de não fazer parte da maioria, conta a mulher. Na Inglaterra, a morte assistida é ilegal, por isso, o norte-americano decidiu utilizar os serviços de uma clínica suíça (onde esta prática é legal) chamada Dignitas.

"Se eu não for com isto para a frente, a minha escolha é essencialmente sofrer e fazer sofrer a minha família. E eu morro. Possivelmente de uma forma mais aflitiva e dolorosa”, diz Craig Ewert no documentário. Posteriormente pode ver-se o antigo professor a tomar uma dose elevada de barbitúricos, morder o botão para desligar a máquina de ventilação e adormecer. Meia hora depois, o coração deixa de bater.»

Artigo de Nicolau Ferreira, no Jornal Público de 10-12-2008.

Tipos de Eutanásia

Tipos de Eutanásia:


• Activa:
A eutanásia é denominada “activa” quando se administra uma substância que provoca directamente a morte sem sofrimento do doente, requerendo a intervenção directa e consciente do médico.


• Passiva:
É denominada “passiva” quando o médico não executa determinado tratamento ou procedimento clínico, ou seja, quando o médico permite que o paciente morra retirando-lhe um certo tratamento de suporte à vida.


• Eutanásia Voluntária:
Aplica-se quando o doente se encontra em perfeitas condições mentais e ainda possui vontade própria para pedir conscientemente que lhe retirem a vida.


• Eutanásia não-voluntária
Aplica-se a casos de doentes que estão incapacitados de tomar qualquer decisão ( por alterações de consciência ou quando se trata de um menor de idade ou de um recém-nascido). Nestes casos o pedido de eutanásia é requisitado pelos familiares mais próximos do paciente.


• Eutanásia Involuntária:
Ocorre quando as pessoas ou doentes são mortos contra a sua vontade ou sem o seu consentimento, desejando continuar a viver. Esta prática é uma forma de o médico impedir que o paciente continue a sofrer e se torne num ‘peso’ para todos.

Casos: Ramón Sampedro

Ramón Sampedro era um espanhol, tetraplégico desde os 26 anos, que solicitou à justiça espanhola o direito de morrer, por já não suportar viver.
Ramón Sampedro nasceu a 15 de Janeiro de 1943 em Xuño, uma pequena aldeia da província de La Coruña. Aos 22 anos embarcou num navio mercante norueguês no qual trabalhou como mecânico. Com ele percorreu quarenta e nove portos de todo o mundo. Esta experiência constituiu parte das suas melhores recordações. A 23 de Agosto de 1968 mergulhou no mar do alto de um rochedo. A maré tinha baixado o que provocou um choque da cabeça contra a areia que lhe fracturou a sétima vértebra cervical.
Durante trinta anos viveu a sua tetraplegia sonhando com a liberdade através da morte.
A sua luta judicial demorou cinco anos. O direito à eutanásia activa voluntária não lhe foi concedido, pois a lei espanhola caracterizaria este tipo de acção como homicídio. Com o auxílio de amigos planejou a sua morte de maneira a não incriminar sua família ou os seus amigos.
Em Novembro de 1997, mudou-se da sua cidade, Porto do Son/Galícia-Espanha, para La Coruña, a 30 km de distância. Tinha a assistência diária de seus amigos, pois não era capaz de realizar qualquer actividade devido à tetraplegia.
No dia 15 de Janeiro de 1998 foi encontrado morto, de manhã, por uma das amigas que o auxiliava. A autópsia indicou que a sua morte foi causada pela ingestão de cianeto de potássio.
Ele gravou em vídeo os seus últimos minutos de vida, que torna evidente a colaboração dos seus amigos que colocaram o copo com uma palhinha ao alcance da sua boca, ficando no entanto igualmente documentado que foi ele quem realizou a acção de colocar a palhinha na boca e beber o conteúdo do copo.
A repercussão do caso foi mundial, tendo tido destaque na imprensa como morte assistida.
Uma amiga de Ramón Sampedro, Ramona Maneiro, foi incriminada pela polícia como sendo a responsável pelo homicídio. No entanto um movimento internacional de pessoas enviou cartas "confessando o mesmo crime". A justiça, alegando impossibilidade de levantar todas as evidências, acabou por arquivar o processo.
Inúmeros outros casos, em diferentes locais do mundo têm reavivado a discussão deste tema, porém sempre com alguma confusão ou ambiguidade entre os conceitos de suicídio assistido e eutanásia.
Em 2003 foi realizado um filme sobre este caso, pelo director espanhol Alejandro Amenábar – “Mar Adentro”. O director caracterizou o seu filme como sendo “Uma visão da morte desde a vida, desde o quotidiano, o normal, desde um lado muito luminoso”

Casos: Chantal Sérbire

Chantal Sébire era uma professora reformada com 53 anos de idade, de nacionalidade Francesa, que sofria de esthesioneuroblastoma, uma forma rara de cancro que a fez lutar pelo direito à morte através de Eutanásia.
Sébire vivia Plombières-lès-Dijon, perto de Dijon, França, e era mãe de três filhos.
Em 2000, foi diagnosticada com esthesioneuroblastoma, uma forma rara de cancro dos quais apenas 200 casos foram reportados nos passados 20 anos.
Sébire recusou todos os tratamentos na altura do seu diagnóstico, não desejando de correr o risco da cirurgia ou medicação. Com o passar do tempo o cancro espalhou-se pelos seios, cavidades nasais e pela cavidade do olho deixando a sua face severamente desfigurada. Para além disto ainda perdeu os sentidos da visão, paladar e cheiro, sofrendo várias dores que recusou apaziguar com morfina devido aos efeitos secundários, dizendo que “as drogas são químicos, os químicos são venenos e eu não quero tornar as coisas piores envenenando-me”. Sébire ganhou reconhecimento público quando fez um apelo público ao presidente Nicolas Sarkozy, para a deixar morrer por eutanásia dizendo que “ Ninguém deixaria passar um animal por aquilo que passei”.
A 17 de Março de 2008, Sébire perdeu o caso num tribunal Francês, cujo magistrado constatou que a lei Francesa, que permite que o equipamento de suporte de vida seja retirado a doentes com doenças terminais, não permite que um médico retire a vida a um paciente.
Após a decisão, Sébire disse “Agora sei como possuir aquilo que desejo, mas se não o conseguir em França, vou consegui-lo noutro sítio”.
A 19 de Março de 2008 foi encontrada morta em sua casa.
Uma autópsia conduzida a 21 de Março de 2008 conclui que ela não morreu de causas naturais. Analises feitas ao sangue posteriormente, revelaram uma concentração tóxica de uma droga Pentobarbital, que não está disponível nas farmácias Francesas mas que é usada em todo o mundo para o propósito de suicídio assistido.
A morte de Sébire reavivou o debate sobre a Eutanásia em França e em todo o mundo.

Opinião de um estudante

Pessoalmente considero que a eutanásia não deve ser entendida como um “puro e simples assassinato” mas sim como uma opção que pode ser tomada livremente por um doente em fase terminal, que vive numa situação tão dramática de sofrimento que o leva a desejar “não acordar no dia seguinte”.
Ora não demonstrar qualquer piedade com tais pessoas é um acto completamente bárbaro da nossa parte, pois deixar essas pessoas num sofrimento angustiante que nos leva a desejar para nunca estarmos na posição delas é algo completamente desumano, mais desumano do que permitirmos com que acabem com tal sofrimento.
A igreja Católica no decorrer da sua existência tem cometido graves erros em prole dos seus dogmas. Considero que a sua oposição à eutanásia é um desrespeito pelos direitos humanos e a liberdade pessoal, mais uma vez contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade com uma mentalidade retrógrada e altamente condicionada incapaz de se aperceber do sofrimento dos outros.
Afinal quem somos nós para podermos julgar aqueles que decidem optar pela eutanásia? Só vivendo uma situação idêntica à dessas pessoas é que poderíamos julgar justamente tal decisão.
Sendo este assunto extremamente polémico, penso que se deverão realizar referendos nacionais em todos os países que pretendam resolver este assunto, antecedidos por debates sérios e esclarecedores entre individualidades a favor e contra a eutanásia, incluindo também a opinião sobre o assunto dos próprios doentes em fase terminal que estejam dispostos e em condições para se expressarem, para que se possível e definitivamente se chegue a um consenso.
Só assim se poderá chegar algum dia a uma decisão definitiva sobre este assunto e, infelizmente até lá os doentes terminais que pretendem a eutanásia têm um longo caminho a percorrer, caminho esse que é pavimentado com espinhos de uma rosa que alguns nunca terão a oportunidade de ver brotar.

Fábio Emidio

Cerca de metade dos Portugueses a favor da Eutanásia

Um estudo da Eurosondagem para a Renascença/SIC/Expresso mostra que cerca de metade dos portugueses são a favor da eutanásia. 50,1% dos inquiridos afirmam ser a favor da eutanásia contra 39,3% que são contra, enquanto 10,6% diz que não sabe ou não quis responder.
47 % dos inquiridos disseram ainda que o tema devia ser referendado, enquanto que 43,4% estão contra.


Esta sondagem foi efectuada por telefone, pela Eurosondagem, para a Renascença, Expresso e SIC, entre 22 e 28 de Outubro de 2008, em Portugal continental, junto de indivíduos com mais de 18 anos e residentes em lares com telefone da rede fixa.

Casos: Eluana Englaro

O Supremo Tribunal italiano autorizou o fim da alimentação artificial que mantém viva uma mulher de 37 anos, em coma irreversível desde 1992, decisão já condenada pela Igreja Católica, noticia a Lusa.
Há mais de uma década que a família de Eluana Englaro lutava para que a justiça italiana permitisse a sua morte, autorização que nunca tinha sido dada em Itália, um dos países com mais influências católicas.
A batalha legal começou a 18 de Janeiro de 1992, quando Eluana teve um acidente de automóvel que a deixou em estado vegetativo num hospital da localidade de Lecco (Norte de Itália).
Passados vários anos, a Audiência Provincial de Milão autorizou, em Julho de 2008, que se interrompessem os tratamentos que mantêm viva Eluana mas o Ministério Público recorreu da sentença.
O Alto Tribunal ratificou a decisão da Audiência de Milão e a mulher, segundo a vontade do pai, seu actual tutor, vai abandonar a instituição onde se encontrou desde 1994 e será transferida para uma clínica, onde passou as últimas horas de vida.
«A sentença confirma que vivemos num Estado de direito», afirmou o pai de Eluana, Giuseppe Englaro.
Num comunicado divulgado após a decisão, o subsecretário do Interior italiano, Alfredo Mantovano, refere que «uma parte da magistratura afasta o cuidado da vida humana, privilegia formas mais ou menos relacionadas com a eutanásia e o homicídio, impõem esta opção ao povo violando a lei em vigor».
«É uma derrota para Eluana, uma jovem que vive, que respira de maneira autónoma, que desperta e dorme, que tem vida», afirmou o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, Rino Fisichella, em declarações à Rádio Vaticano.

Declarações do presidente do Partido Socialista (PS)


"É um dos temas que bem justifica um referendo nacional, mas é uma questão a ver", disse Almeida Santos, que, conjuntamente com outras figuras políticas socialistas, é subscritor de uma moção sectorial para abertura de um debate nacional sobre a eutanásia.

"Acho que o direito à vida implica o direito à morte. Sobretudo quando não morrer significa um sofrimento terrível. As pessoas têm o direito de se privarem desse sofrimento. Não quero viver mais! Porque não? É um direito como outro qualquer!", expressou.

Almeida Santos disse desconhecer se a moção será debatida no próximo congresso socialista, agendado para o final de Fevereiro, mas manifestou a esperança de que alguém aborde o assunto.

O que nós queremos é que o tema seja debatido", declarou, sublinhando: "Fugir aos problemas é que não".

Leia mais em http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=%20387395&visual=26&tema=1

Casos: Eluana Englaro

Notícias RTP:
  • Eluana Englaro:

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=372937&tema=37

  • Italiana Eluana Englaro morre no hospital:

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=386999&tema=31

  • O caso de Eluana Englaro reacende debate da eutanásia:

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=387382&tema=31

Casos: Piergiorgio Welby

A questão da Eutanásia sempre foi e parece que sempre será um assunto extremamente polémico, que continua a dividir as opiniões das pessoas hoje em dia.

A cerca de um ano atrás, Piergiorgio Welby, um cidadão Italiano de 60 anos, doente terminal com distrofia muscular que lhe provocava a incapacidade de se mover e falar, dividiu a Itália diante da possibilidade de legalizar a eutanásia.

Depois de contar a sua vida e demonstrar “a esperança de não acordar no dia seguinte”, Welby apelou para a mobilização das forças políticas no que respeita a um debate nacional para a legalização da eutanásia.

A igreja Católica opondo-se a qualquer forma de eutanásia afirmou e continua a afirmar que é “puro e simples assassinato”, relembrando aos Católicos Italianos que têm a “obrigação moral” de se opor á eutanásia.

O caso de Welby, acabou com a sua morte, provocada pelo desligar do ventilador que o mantinha vivo, por um medico que acedeu ao seu pedido.

Welby conseguiu o que pretendia mas no entanto o seu caso levantou ainda mais dúvidas sobre esta decisão foi a mais acertada, retomando as discussões sobre a legalização da eutanásia na Itália e no mundo levantando-se várias questões.

Quantos casos existirão no mundo, iguais ou semelhantes aos de Welbi que apenas acabam com a morte depois de um longo período de sofrimento?

E quantos serão aqueles que acabam em tragédia, pois um amigo ou familiar que se compadeceu do doente lhe “desligou” desta vida tirando-lhe o sofrimento, mas sendo condenados pela “justiça” logo de seguida, pelo acto que fizeram? Terá neste caso sido um acto de amor e compaixão ou um crime?

Teremos nós a obrigação de acabar com o sofrimento destas pessoas?

 
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