Casos: Ramón Sampedro

Ramón Sampedro era um espanhol, tetraplégico desde os 26 anos, que solicitou à justiça espanhola o direito de morrer, por já não suportar viver.
Ramón Sampedro nasceu a 15 de Janeiro de 1943 em Xuño, uma pequena aldeia da província de La Coruña. Aos 22 anos embarcou num navio mercante norueguês no qual trabalhou como mecânico. Com ele percorreu quarenta e nove portos de todo o mundo. Esta experiência constituiu parte das suas melhores recordações. A 23 de Agosto de 1968 mergulhou no mar do alto de um rochedo. A maré tinha baixado o que provocou um choque da cabeça contra a areia que lhe fracturou a sétima vértebra cervical.
Durante trinta anos viveu a sua tetraplegia sonhando com a liberdade através da morte.
A sua luta judicial demorou cinco anos. O direito à eutanásia activa voluntária não lhe foi concedido, pois a lei espanhola caracterizaria este tipo de acção como homicídio. Com o auxílio de amigos planejou a sua morte de maneira a não incriminar sua família ou os seus amigos.
Em Novembro de 1997, mudou-se da sua cidade, Porto do Son/Galícia-Espanha, para La Coruña, a 30 km de distância. Tinha a assistência diária de seus amigos, pois não era capaz de realizar qualquer actividade devido à tetraplegia.
No dia 15 de Janeiro de 1998 foi encontrado morto, de manhã, por uma das amigas que o auxiliava. A autópsia indicou que a sua morte foi causada pela ingestão de cianeto de potássio.
Ele gravou em vídeo os seus últimos minutos de vida, que torna evidente a colaboração dos seus amigos que colocaram o copo com uma palhinha ao alcance da sua boca, ficando no entanto igualmente documentado que foi ele quem realizou a acção de colocar a palhinha na boca e beber o conteúdo do copo.
A repercussão do caso foi mundial, tendo tido destaque na imprensa como morte assistida.
Uma amiga de Ramón Sampedro, Ramona Maneiro, foi incriminada pela polícia como sendo a responsável pelo homicídio. No entanto um movimento internacional de pessoas enviou cartas "confessando o mesmo crime". A justiça, alegando impossibilidade de levantar todas as evidências, acabou por arquivar o processo.
Inúmeros outros casos, em diferentes locais do mundo têm reavivado a discussão deste tema, porém sempre com alguma confusão ou ambiguidade entre os conceitos de suicídio assistido e eutanásia.
Em 2003 foi realizado um filme sobre este caso, pelo director espanhol Alejandro Amenábar – “Mar Adentro”. O director caracterizou o seu filme como sendo “Uma visão da morte desde a vida, desde o quotidiano, o normal, desde um lado muito luminoso”

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